A dona de casa Gisele Monteiro Santos Pontes, de 28 anos, sabe tudo o que tem de ser feito para combater a dengue: nada de água nos pratos dos vasos das plantas, ralos fechados, caixa d'água tampada. Mas há um problema que ela não tem como resolver: as frestas da cisterna, construída para enfrentar as falhas constantes no abastecimento da rua onde mora, em Águas Lindas, cidade goiana que faz fronteira com o Distrito Federal.

'Está tampada, mas é claro que aqui dá para mosquito se criar', afirma Gisele, apontando as fissuras na tampa. Na casa ao lado, agora ocupada pela cunhada, Elisângela da Paz Ribeiro, o problema se repete. A cisterna que abastece o imóvel não é adequadamente vedada, algo que atrai vários insetos. 'Como a casa é alugada, qualquer mudança depende do proprietário. Não podemos gastar com isso.'

Em 2009, a maior parte dos criadouros encontrados na cidade estava relacionada a falhas no abastecimento. Não é à toa. 'Tem áreas onde a água falta vários dias da semana, outras que a água nem chega', diz Elisângela.

Como na rua de Eldete Pereira da Silva, de 64 anos. A casa onde mora há 15 anos até hoje não tem abastecimento. O problema é superado com cisterna e uma caixa d'água, constantemente checada para ver se está vedada.

'Mas o que adianta se no vizinho a caixa nem tampa tem?', diz. Ela conta que teve dengue no passado. Este ano foi a vez do filho e da sogra do filho.